Pulo do Lobo

quinta-feira, dezembro 29, 2005

O medo

"Ora, o que a candidatura de Cavaco (para temor de soaristas e de cavaquistas) vem fazer, no fundo, independentemente de si mesmo, é interromper um ciclo conservador onde o "republicanismo" se sobrepõe aos "valores republicanos" e onde as manobras de bastidor são sempre mais importantes do que a clareza das ideias que se exprimem. Ao acusarem Cavaco de todas as ignomínias apenas porque ele se limitou a sugerir uma medida da mais elementar eficácia governativa (que ninguém discutiu, de resto), os seus adversários apressaram-se a acenar com banalidades e com a existência de "indícios", mostrando claramente o seu jogo: a aposta no medo.
A penosa campanha eleitoral em curso, longa de mais, mostrará até ao fim esse tom de dramatização e de perseguição populista, de insinuação. Por detrás disso está o medo. Não o medo de Cavaco, mas o medo da própria democracia e do jogo claro que ela devia impor e tornar necessário. De dedinho espetado, indignado, esse medo é que é perigoso e reaccionário. E, além do mais, pretende fazer dos portugueses gente sem discernimento ou inteligência."

Francisco José Viegas, no JN de hoje

5 Comments:

  • At 3:16 da tarde, Anonymous Anónimo said…

    Além de desconhecer o estudo de sustentabilidade da segurança social, que qualquer economista de esquina conhece, desconhece a existência da Agência Portuguesa de Investimento, dirigida por... Cadilhe, que foi seu ministro das... Finanças. Dá que pensar, deve ser da idade... (publique se os tiver no sítio)

     
  • At 6:07 da tarde, Anonymous Anónimo said…

    1- A Agência Portuguesa para o Investimento é dirigida, actualmente, pelo Dr. Basílio Horta e não pelo Dr. Miguel Cadilhe.
    2- O Estudo sobre a Sustentabilidade da Segurança Social, referido por Francisco Louçã no debate com Cavaco Silva, foi mandado fazer pelo Governo e distribuído pelo Parlamento, ou seja, não era do domínio público. Como Cavaco Silva não é deputado, nem detentor de qualquer cargo político, compreende-se que não conheça todos os estudos. Temos porém a certeza, à luz do seu anterior desempenho como primeiro-ministro, que ele é um homem sério que estudará com profundidade todos os "dossiers".
    3- O Sr. Manuel Martinho, além de brejeiro, parece que, afinal, gosta de escrever sobre lugares comuns ou sobre o que não conhece, como é o caso da presidência da API (que consta do respectivo site!).
    Nota: Afinal, apesar de oco, publicaram o seu comentário. Parece que os têm efectivamente no sítio ou necessita de mais demonstrações?!
    4- Por último, sempre lhe direi, que a missão da API é atrair investimento estrangeiro e não tanto acompanhar os processos de deslocalização das empresas estrangeiras existentes em Portugal. Concordo, no entanto, que a API poderia também monitorizar esta sensível questão, que para além de económica é da máxima relevância social, atendendo ao potencial risco de desemprego que pode gerar. Penso que foi esta preocupação que, meritoriamente, o candidato Cavaco Silva quis passar. O resto é a triste desconstrução "política" a que já estamos habituados, a que se associa o vergonhoso e desnecessário espectáculo mediático.

    Ainda dizem que o candidato Cavaco Silva é crispado. Faltam, seguramente, espelhos lá em casa... ou, ou vazio das ideias necessita deste ruído para encobrir quem, genuinamente, se preocupa não com a querela mas com Portugal.
    Talvez, também por isso, Portugal não evolua de forma mais célere e consistente. Existem excessivos Manuéis Martinhos...

     
  • At 2:55 da manhã, Anonymous Anónimo said…

    Os portugueses sem inteligencia sao aquelas que apoiaram e ainda batem palmas à guerra no Iraque.
    Ainda nao deram conta que estavam errados e vao errar mais uma vez.

     
  • At 5:19 da tarde, Anonymous Anónimo said…

    diz fe que a missão da API é"(...)e não tanto acompanhar os processoso de deslocalização das empresas estrangeiras existentes em Portugal".Admitamos, a bem do debate que assim seja .E o Secretário de Estado que Cavaco tirou da cartola teria essa "missão" (acompanhar, etc.). Parece-me curto, mesmo para um ajudante de Ministro.
    Poupem-no!A "luminosa" ideia - até se faz aquilo no "extrangeiro" é para embasbacar papalvos, essa é que é essa.
    Ponto final.

     
  • At 5:21 da tarde, Anonymous Anónimo said…

    Mais dois Manuéis Martinhos. Os tais que, infelizmente, são excessivos! Sempre a pensar que são proprietários da inteligência, da lucidez, enfim... da verdade absoluta que constitui a raiz dos tiranos.
    Afinal, o "nosso" Cavaco Silva é uma virgem saudável quando comparado com alguns "pensadores" da nossa praça.
    E, já agora, sempre lhes direi que o problema do terrorismo não um mero problema de café, mas sim um drama para as vítimas inocentes que morrem e, não menos tocante, para os seus familiares e amigos.
    Sobre esta temática recomenda-se, assim, mais alguma contenção e uma boa dose de bom senso.
    Não me parece que o candidato Cavaco Silva alguma vez tenha apoiado a guerra do Iraque, antes pelo contrário! Aliás, ninguém bem formado apoia qualquer tipo de guerra, estou em crer. Porém, a solução para o drama do terrorismo não é assim tão evidente, se não já há muito que estava resolvido.
    Já agora, com humildade, recomendo mais um pouco de respeito pelas ideias alheias, mesmo quando discordam por serem diferentes das vossas. Ninguém, que não seja fanático ou radical, está a salvo de, em função das circunstâncias, de mudar de opinião (desde que não seja um cata-vento, que muda conforme o soprar da brisa).
    Apesar de tudo não desesperem, pois, ao que consta, os pobres de espírito, também podem almejar a um lugar no céu.
    Não sei se é necessário uma Secretaria de Estado (também me parece que não!), ou uma Direcção-Geral, ou sequer se a API é suficiente (parece-me que sim!), porém, tenho um certeza, a questão da deslocalização das empresas estrangeiras é um preocupação séria que, em todo o mundo, preocupa os governantes. Em Portugal, entre outros, preocupa, e muito bem, o candidato Cavaco Silva. Este facto deve merecer o nosso reconhecimento e não a nossa repulsa ou chacota. É bom que haja políticos (e técnicos) que se preocupam com os nossos problemas reais. Compete, depois, aos governos reflectir e tomar as decisões que consideram mais ajustadas. Parece simples. Não queiram amordaçar o pensamento livre. Não queiram, em nome da dita "esquerda", defender o pensamento único. E, já agora, a despropósito, sempre refiro que de acordo com as últimas notícias, o candidato mais próspero, mais rico, é o Dr. Mário Soares. Coincidências, ou talvez não...

     

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