"O caso Mário Soares"
"A candidatura de Soares vive de uma obsessão quase doentia: o perigo para a democracia da vitória de Cavaco. É uma negação permanente (mesmo quando Soares promete num dia que não vai voltar a falar de Cavaco, no dia seguinte tem uma recaída aparatosa). (...) O debate de Soares com Cavaco foi para Soares um verdadeiro suicídio político. Soares procurava desestabilizar Cavaco com toda a espécie de agressões. Cavaco, mesmo confessando a dado momento que precisava de se conter, manteve uma postura absolutamente impecável, ajustada à imagem que nós temos de um Chefe do Estado. Soares, não. A sua atitude foi a de um líder da oposição que quer esmagar o adversário a qualquer custo. Face aos elogios de Cavaco, Soares disse coisas espantosas sobretudo sobre a personalidade e a formação de Cavaco. Chegou ao desplante de afirmar que Cavaco era um razoável economista, mas não um Prémio Nobel, como se a história contasse com muitos Prémios Nobeis no lugar de Presidentes. Foi desagradável ao agitar comentários de amigos seus em relação ao aspecto hirto e pouco conversador de Cavaco em reuniões interrnacionais. Há coisas que um Presidente da República não pode fazer. Soares fez. E foi hilariante quando se quis apresentar como um verdadeiro conhecedor de economia que tinha salvo o país."
Eduardo Prado Coelho, Público (sem ligação), 26.12.05
4 Comments:
At 2:33 da tarde, Anónimo said…
Internem o Mário Soares, ou até ao final da campanha ainda dirá que foi ele que ganhou os cinco reis mouros na batalha de Ourique, e que por isso lhe devemos a nacionalidade...
At 2:48 da tarde, Anónimo said…
A candidatura de Mário Soares nem em toda a esquerda tem credibilidade, como se vê pelos apoios que Manuel Alegre tem. Só que a candidatura de Manuel Alegre não tem consistência, já que apenas o move, e aos seus apoiantes, serem anti-Soares. Soares quer apenas travar Cavaco Silva, e Alegre fazer o mesmo a Soares. Isto não é nada.
Penso que Cavaco Silva é o político mais qualificado para ser Presidente da República nesta altura de crise. Tendo em conta a fraca "concorrência" nestas eleições, tal ainda é mais evidente. Mas, mesmo em relação a possíveis "presidenciáveis" na área política em que eu me situo, o centro-direita, eu não quereria ter de votar em Marcelo Rebelo de Sousa, Pinto Balsemão, ou Proença de Carvalho, os eternos "presidenciáveis". Vá-se lá saber porquê...
Respeito pessoas como João Salgueiro ou Ernâni Lopes, homens inteligentes e com cultura estratégica, mas são cartas fora do baralho por estarem há muito afastados da política, e não terem vontade, nem apoio político, para avançar para uma eleição presidencial. De qualquer modo, para mim são pessoas muito mais "presidenciáveis" do que Rebelo de Sousa ou Balsemão.
Deste modo, votarei em Cavaco Silva com naturalidade. Ainda bem que ele é candidato. Portugal não pode falhar de novo na eleição do próximo Chefe de Estado. O declínio do país nestes 10 anos também se deve, e MUITO, à presidência incompetente de Jorge Sampaio. O Presidente tem poucos poderes, no entanto, as pessoas têm de pensar em quem confiam mais para ser o mais alto representante da Nação nesta altura difícil. A situação política e económica pode agravar-se, e Portugal não pode arriscar-se a ter outro Presidente fraco.
Além disso, Cavaco faz bem em "distanciar-se" dos partidos que o apoiam, já que um dia poderá ter de decidir "contra" eles. Coisa que Sampaio nunca fez em relação à sua área política (por falta de vontade e peso político) e com graves prejuízos para Portugal. Um bom Presidente tem de estar acima dos partidos e ser forte face a eles. Ainda mais agora, com a degradação da política devido ao clientelismo e corrupção partidários.
At 7:42 da tarde, Anónimo said…
o quê? agora o tio Eduardo já não é um perigoso intelectual?
At 11:02 da tarde, sabine said…
Leitura aconselhada: Todo o texto de Eduardo Prado Coelho e não só o excerto publicado aqui.
Enviar um comentário
<< Home