Continhas - 2
O que as sondagens sobretudo mostram é que a vitória de Cavaco Silva não cai do céu, nem sequer das ditas sondagens. Aliás, a sua divulgação em catadupa, com algumas disparidades entre elas e com "metodologias" discutíveis, não é inocente. É o caso da última, a da "SIC" (Eurosondagem), que é titulada com uma enganadora "vitória à primeira garantida". Lida a "ficha técnica", percebe-se, pela margem de erro de cerca de 3%, que não é nada assim. Já a do "Correio da Manhã" (Aximage) - "Cavaco intocável vale cinco Soares" - peca pelo excesso. A pergunta que deve ser feita, nesta matéria, é muito simples. Quem é que beneficia mais com sondagens deste género, pseudo-deprimentes ou pseudo-generosas, consoante a perspectiva? Cavaco Silva partiu, mesmo antes de partir, muito confortado pelos números elevados. A exposição em campanha e os debates obrigaram, naturalmente, a alguma "descida à terra" e nos números, algo que não abalou nada de fundamental para os seus objectivos. Porém, revelam ambos - "a descida à terra" e os números - que a campanha que se vai seguir no "terreno" vai ser determinante para conquistar os indecisos, os abstencionistas e os "moles". Para Soares, pelo contrário, cada dia que passa precisa de uma pequena vitória, já que o "problema" destas eleições chama-se "eleitorado socialista", dividido por ele, Alegre e Cavaco. Os números mostram que Soares tem conseguido essas pequenas vitórias - é ele e não Cavaco, de facto, o verdadeiro beneficiado, por exemplo, com a sondagem da SIC/Eurosondagem - que, no entanto, sabem a pouco e, por enquanto, nem sequer chegam a metade do que Sócrates conseguiu em Fevereiro. À medida que o "balão" de Soares incha, os votos de Alegre diminuem e julgo que isso será, com o tempo, uma inevitabilidade. Jerónimo e Louçã - por esta ordem - farão a despesa dos votos dos seus fiéis e, no caso da matemática acabar por contar muito nesta equação, as migalhas que sobram para as pequeníssimas candidaturas, também. Em suma, do "drama" do "eleitorado socialista" - que é uma parte, apenas, dos que votaram no PS nas última legislativas - depende a resolução desta equação e, quiçá, a tão desejada "segunda volta".
4 Comments:
At 12:58 da tarde, Bart Simpson said…
e Cavaco vai ganhando pontos sem fazer nada (pelo que se pode ler e ouvir). brilhante! é isto que queremos?
At 5:31 da tarde, Anónimo said…
Brilhante!É, de facto, digno dos Simpson. O que nós queremos é que ele não faça nada...
At 9:49 da manhã, Anónimo said…
O que as sondagens demonstram é que a amostra do eleitorado que já decidiu em quem votar dá a maioria absoluta a Cavaco Silva na 1ª volta, e que o eleitorado sondado que diz que vai votar em Cavaco Silva é o menos passível de mudar o sentido de voto à última hora.
Mas, ainda há cerca de 20% de indecisos, logo matemáticamente as coisas podem mudar, no sentido de haver uma 2ª volta. Todavia, o eleitorado indeciso nesta altura do campeonato tenderá a abster-se ou a reforçar quem lidera as sondagens, e ambas as hipóteses são boas para a candidatura de Cavaco Silva porque mantêm a sua liderança. Se recordar-mos passados actos eleitorais em Portugal verifica-se que os indecisos reforçam quase sempre a dinâmica de vitória de quem vai à frente nas sondagens.
Agora, é evidente que Cavaco Silva não pode descansar sobre as sondagens. Terá que dramatizar a campanha e alertar as pessoas para a importância destas eleições, ao contrário da esquerda que as quer diminuir. Cavaco terá muito mais peso político como Presidente se vencer numas eleições muito participadas, do que tendo uma vitória muito folgada numas eleições com uma grande abstenção. Penso que Cavaco não quererá ter a vitória de Pirro que Sampaio teve em 2001...
At 6:08 da manhã, Anónimo said…
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