Debate político
Grande alvoroço pela sugestão de Cavaco: um secretário de Estado para acompanhar as empresas estrangeiras em Portugal.
Não se chegou a discutir a proposta, nem o problema económico que é real.
Muita indignação, muito facto político, quase nenhuma profundidade.
Pobreza do debate político em Portugal e a comunicação social não ajuda.
Reafirmo. Não estão em causa as instituições.
Não há nenhum golpe de Estado presidencial em curso.
A política e as instituições servem para resolver problemas reais: estagnação económica, desemprego.
Alguma esquerda ainda não percebeu isto.
Não se chegou a discutir a proposta, nem o problema económico que é real.
Muita indignação, muito facto político, quase nenhuma profundidade.
Pobreza do debate político em Portugal e a comunicação social não ajuda.
Reafirmo. Não estão em causa as instituições.
Não há nenhum golpe de Estado presidencial em curso.
A política e as instituições servem para resolver problemas reais: estagnação económica, desemprego.
Alguma esquerda ainda não percebeu isto.
13 Comments:
At 1:52 da tarde, André Carvalho said…
Como tenho alguns "bons" contactos, tive o privilégio de ter acesso a esta escuta efectuada na passada noite de Natal a um telefonema do Primeiro-ministro José Sócrates para Mário Soares, e que dada a sua relevância sinto-me na incumbência de o transcrever na íntegra, num rigoroso exclusivo «Geração Rasca»:
Mário Soares (MS): Está?
José Sócrates (JS): Dr. Mário Soares?
MS: Claro… quem haveria de ser?
JS: Lá está o doutor Soares com as suas brincadeiras…
MS: Mas quem fala?
JS: Sou eu… o Sócrates.
MS: Ah! Então… está tudo bem?
JS: Vai-se indo, vai-se indo. E o doutor?
MS: Eu? Eu estou sempre em forma!
JS: Pois…
MS: Mas diga lá… precisa de alguma coisa?
JS: Bem… estava-lhe a ligar por um motivo um bocado… delicado.
MS: Ai é????? O quê?
JS: Bem… é sobre aquelas declarações que prestou sobre o Ribeiro e Castro, o líder do PP... CDS/PP. Lembra-se?
MS: Claro que me lembro! Só que ele não é o líder do PP é o líder do CDS.
JS: Pois…
MS: Ele diz aquilo... ele é, ainda por cima, deputado do Partido Socialista... um dos grandes grupos do Partido Socialista é o Partido Socialista... o Partido Socialista Europeu...
JS: Bem…
MS: Imagine lá como é que ele vai entender-se com os colegas do parlamento a dizer dessas coisas aqui no plano interno... E é feio, não é bonito e... é uma pena que seja um dos mais entusiásticos, senão o mais entusiástico, apoiante do dr. Cavaco nesta eleição
JS: Pois… é precisamente por isso que lhe estou a telefonar. É que o Ribeiro e Castro é mesmo líder do PP.
MS: O Fidel Castro é líder do PP? Você está louco?
JS: Não doutor! Não é o Fidel Castro… é Ribeiro e Castro!
MS: Claro que Ribeiro e Castro é líder do PP... você já me está baralhar homem…
JS:?????
MS: Mas diga lá o que me quer dizer que tenho a família toda à espera e o bacalhau a arrefecer… desembuche.
JS: Bem… queria-lhe dizer que as suas declarações foram um bocado confusas e…
MS: Confusas? As minhas declarações?
JS: Pois… até disse que o Ribeiro e Castro era do partido socialista…
MS: Eu disse uma coisa dessas?
JS: Disse! E até disse mais…
MS: Ó homem…não se preocupe mais com isso... aquilo foi simplesmente um pequeno lapso. Acontece a qualquer um.
JS: Ai foi?
MS: Claro que foi!
JS: Assim já fico mais descansado…
MS: E pode ficar mesmo descansado!
JS: Bem… então aproveito para lhe desejar um bom Natal e dê também os meus cumprimentos à Dona Maria Barroso.
MS: Muito obrigado Sócrates, serão entregues… e já agora…
JS: Sim…
MS: Mande aí um abraço meu de boas festas ao Platão.
JS: ?????
At 2:18 da tarde, Anónimo said…
E não escrevem nada sobre a "coragem" demonstrada pelo vosso candidato, ao negar que tivesse dito o que realmente disse, ao JN, para fugir às críticas? E que dizer do carácter do homem "de palavra" ao remeter as culpas do seu deslize para umas supostas "inverdades" dos outros candidatos? O homem não tem hombridade nem respeito pela nossa inteligência.
Luis Rainha
http://aspirinab.weblog.com.pt/2005/12/cavaco_vintage.html
At 5:40 da tarde, Gabriel Silva said…
Apenas 3 ideias:
1. A sugestão apresntada por Cavaco é péssima.
2. É feio mentir, que foi o que ele fez no dia seguinte ao negar ter sugerido.
3. É pena não ter coragem. Ficaria melhor ter dito: «sim, sugeri e qual é o propblema? Afinal a ideia é boa ou má?»
At 5:55 da tarde, Anónimo said…
perceberam, perceberam eles não são tão ingénuos como se pensa...
Estão a querer atirar areia para os olhos dos portugueses, mas não vão conseguir :)
At 5:59 da tarde, Anónimo said…
Quanto ao ataque desferido com a arma do "perigo de intervencionismo em matérias de competência governamental", porque não recordar simplesmente o que tem feito, concretamente, o ainda Presidente, dr. Sampaio?
Basta lembrar:
- as constantes notas críticas às políticas da Justiça, com ideias muito concretas sobre quse todos os aspectos da mesma;
- a célebre frase "há vida para além do déficit"...
- numerosas sugestões sobre aspectos bem identificados da política de Educação;
- as repetidas chamadas de atenção para as questões da política de saúde, do combate aos incêndios, das problemáticas da pobreza e da droga;
- A situação de efectiva "tutela" criada ao Governo Santana Lopes;
- etc., etc., etc.,
Alguém, nessas alturas convocou conferências de imprensa para se alarmar/indignar (ai o direito à indignação!) com estes "ataques gravíssimos" às competências do Governo?
Isto são apenas exemplos recentes da prática política de um Presidente, aparentemente acima de toda a suspeita - e considerado demasiado pouco interveniente por muitos, incluindo... os actuais candidatos de esquerda...
Então em que ficamos? Na verdade, se o ridículo matasse, talvez tivessem mais cuidado com o que dizem...
LV
At 7:07 da tarde, Anónimo said…
Cavaco Silva não tem nada que justificar-se cada vez que a matilha de esquerda ladrar. Não ganha nada com isso, pelo contrário. Já se percebeu que mesmo depois da sua eleição, Cavaco continuará a ter oposiçao. O que será a primeira vez para um presidente...
De qualquer modo, eu registo o tratamento diferenciado dado pela comunicação social a Cavaco e a Soares. Este último estava notóriamente embriagado no sábado passado, quando respondia à pergunta da SIC sobre as declaração do líder do CDS sobre a esquerda. A comunicação social abafou tudo. A SIC só passou aquele clip na SIC Notícias, nunca nos noticiários do canal generalista. Os outros jornalistas calaram-se na boa.
Quanto às declarações de Cavaco ao JN, a montagem começou logo no título escolhido pelo jornal na 1ª página, que deu a deixa para a esquerda fazer o enredo todo, e o resto dos media criarem a "notícia" do dia. Sabem-na toda. Só que Cavaco não é o Santana, e não será enterrado pelos lacaios do Soares & Ca. na comunicação social.
At 11:09 da tarde, Pedro Picoito said…
Por uma vez, concordo com o Gabriel e com o post que escreveu sobre isto no Blasfémias.
Mas é bom notar que as críticas que têm sido feitas a Cavaco por causa da ideia não coincidem com as do Gabriel, que alerta - e parece-me que com razão - para o perigo de uma eventual distorção do mercado. Claro que esta crítica é coerentemente liberal, coisa de que não podem orgulhar-se nem Soares, nem Alegre, nem Louçã, nem Jerónimo.
At 11:14 da tarde, Pedro Picoito said…
Só mais uma coisa. Como é óbvio, no lugar de Cavaco eu não teria desmentido uma vírgula da proposta. O que me interessa é discutir os seus méritos ou deméritos. O resto, o medo do presidencialismo, etc, não passa do papão do costume. Mas do lado de lá pensarão que os portugueses são todos estúpidos?
At 11:24 da tarde, Anónimo said…
Para que não caia no esquecimento e para conhecimento das novas gerações:
(Texto publicado na "Grande Reportagem" em Abril de 2002)
O PRESIDENTE QUE GOSTAVA DE JORNALISTAS
"As presidências abertas foram construídas para dar visibilidade ao dr. Soares e para desgastar Cavaco Silva", diz Estrela Serrano em declarações à GR.
A hoje directora do departamento de jornalismo da Escola Superior de Comunicação Social descreve a assustadora homogeneidade com que os repórteres seguiram sem desvios os temas e enquadramentos propostos pelo chefe de Estado nessas campanhas, mesmo quando elas se transformaram num combate indisfarçável ao governo legítimo da nação duas vezes eleito por mais de 50% dos votos.
O principal garante do respeito pelo escrutínio popular patrocinava assim manifestações e protestos que se desenrolavam a par e passo das suas cerimónias oficiais enquanto presidente da República, com improvisações organizadas e bandeiras negras que emergiam por entre o normalíssimo funcionamento das instituições democráticas e sem ameaça visível no horizonte para além do ruído mediático acerca de uma misteriosa ‘ditadura da maioria’ que ninguém percebia onde é que estava.
Esta lógica alcançou o auge na peregrinação à volta da Área Metropolitana de Lisboa, entre 30 de Janeiro e 15 de Fevereiro de 1993, um ano e três meses após a segunda maioria absoluta do PSD e num ambiente em que a guerra entre Belém e S. Bento atingia proporções de comédia com a hipótese de dissolução da Assembleia da República.
Ao longo de duas semanas agricultores, estudantes, moradores, sindicalistas, desempregados, ambientalistas esperavam Soares e este era informado com antecedência da sua presença.
Os assessores alertavam os jornalistas para não perderem esses momentos, a segurança encarregava-se de lhes abrir passagem até junto do primeiro magistrado da nação e este não iniciava os seus discursos sem estar rodeado dos repórteres. O staff presidencial combinava encontros informais entre o chefe de Estado e os media e se os enviados dos órgãos de comunicação social considerados mais influentes não solicitavam uma conversa privada com o inquilino de Belém eram os assessores que tomavam a iniciativa de a sugerir para se certificarem de que a perspectiva do jornalista não era desfavorável a Soares.
"A proximidade e o convívio existente entre os jornalistas que acompanhavam o Presidente e os assessores permitiam que estes se apercebessem das reacções dos jornalistas a determinados eventos ou palavras do Presidente e o informassem de que era necessária uma sua intervenção no sentido de um enquadramento favorável, que surgia então como natural", escreve Estrela Serrano.
Soares começava o dia a ler o Diário de Notícias e o Público e de 24 em 24 horas era informado pelo seu staff da cobertura total que estava a ser feita. À hora dos principais telejornais a caravana parava, mas quando isso não acontecia a equipa do chefe de Estado gravava-os em vídeo para serem vistos à noite de modo a avaliar o impacto dos acontecimentos e se fosse caso disso introduzir correcções de estratégia. "A leitura dos jornais e o facto dos autores das notícias se encontrarem quase permanentemente junto do Presidente e dos assessores facilitava o controle de desvios ao discurso oficial", escreve Estrela Serrano..."
(nota-Estrela Serrano era assessora de imprensa do presidente Soares)
crsdovale
posted by Minha Rica Casinha
At 2:36 da manhã, Anónimo said…
Caro Neftis, concordo consigo! Está na cara que Balsemão é um fervoroso apoiante de Soares...
At 3:10 da tarde, Anónimo said…
Para pôr fim à ignorância: já ouviram falar na Agência Portuguesa de Investimento, sedeada no Porto, dirigida por Cadilhe?
At 9:32 da tarde, Anónimo said…
..."Para pôr fim à ignorância: já ouviram falar na Agência Portuguesa de Investimento, sedeada no Porto, dirigida por Cadilhe?"...
E os outros é que são ignorantes!!!
At 3:56 da manhã, Anónimo said…
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