Uma questão de confiança
Passeio pelas ruas e observo. Passeio pelas ruas e vão-me dizendo: «Porque sabe unir os portugueses». «Porque sabe ouvir os portugueses». «Porque acredita em Portugal». Eles, os outdoors, dizem-me estas coisas e eu lembro-me daquele final de tarde, por fins de Agosto, em que o dr. Mário Soares apresentou, com demorado discurso, a sua candidatura. Recordo-me do tom egotista e de uma massa de ideias que se espraiava por cima de dezassete mil caracteres. A mensagem, contudo, era bastante simples: Soares apercebeu-se de que o país estava em crise; vai daí, candidata-se, e acredita que a sua eleição, a confirmar-se, seria o factor aglutinante dos esforços nacionais e o elemento restaurador da confiança dos cidadãos, em si próprios e no país. Por outras palavras, na manhã seguinte à eleição do dr. Soares as pessoas acordariam diferentes e produziam mais e melhor; os mercados animavam e o investimento disparava; os artistas assinavam obras inspiradas; os estudantes aplicavam-se sem estrebuchar. Que a sala transbordante do Altis tenha engolido semelhante pataratice utópica, é algo natural. O país é que, ao que parece, vai torcendo o nariz.
Entendamo-nos: o Presidente da República como agente fomentador da confiança dos nacionais é, mesmo que discutível, perfeitamente plausível. Convinha é que o dr. Soares se mostrasse um nadinha mais diligente. Ou, para começar, um bocadinho mais construtivo.
3 Comments:
At 1:19 da manhã, Anónimo said…
Será que ninguém arrebenta com este gajo? É por malta assim - curta de ideias - que este país não avança.
At 1:54 da manhã, Anónimo said…
Pois
At 9:13 da manhã, Pedro Sá said…
Ai que a preocupação é tanta...
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