Levar a sério
Cavaco Silva acabou de introduzir uma novidade nas aparições públicas dos candidatos presidenciais. Conseguiu, durante mais de quarenta e cinco minutos, a estranha proeza de não falar um segundo de nenhum dos seus adversários e, pior do que isso, explicar aos espectadores por que era candidato a Belém. Os espectadores, habituados ao "bater no ceguinho" que tem caracterizado as intervenções dos "colegas" candidatos, devem ter ficado surpreendidos com a sobriedade de Cavaco. No fundamental, Cavaco só disse exactamente aquilo que quis. Não foi, porventura, aquilo que os seus críticos queriam que ele dissesse ou calasse. Nem tão-pouco Constança Cunha e Sá resvalou para aí. Para alguém que não é um político profissional, Cavaco demonstrou um estóico profissionalismo político nesta sua primeira entrevista como candidato presidencial. Para quem percebe que "isto" é mesmo para levar a sério, julgo que ficou minimamente demonstrado, sem necessidade de retóricas desajustadas ou adjectivações doentias, que Cavaco não veio para "dividir" ou para "reviver o passado". Para quem, no entanto, aprecia o fait-divers, terá sabido a pouco.
12 Comments:
At 10:36 da tarde, Anónimo said…
Cavaco foi o único a ter que responder a perguntas sobre a presidência. Os outros só tiveram que falar sobre Cavaco.
Há uma grande diferença entre ser jogador e estar na bancada a criticar quem está no campo.
At 11:08 da tarde, Anónimo said…
Por muita simpatia que se tenha por Cavaco Silva, há que reconhecer que a entrevista foi fraca, tendo a prestação do candidato ficado muito aquém das -porventura excessivas - expectativas criadas. A parte que Cavaco Silva levava preparada sobre a sua experiência internacional e os sucessos do seus governos correu bem
Já as perguntas, de resto óbvias, sobre o exercício da função presidencial foram pobres ou banais. Como é que é possível que um candidato à presidência não tenha opinião sobre a recente dissolução do parlamento? Na verdade Cavaco Silva revelou não poder exprimir opinião sobre nenhuma questão concreta, ao melhor estilo Sampaio.
Depois também lhe correu mal a parte em que foi confrontado com as críticas duras, mas legítimas, que fez a Jorge Sampaio. É da natureza do combate político fazer críticas e reparos aos adversários. Cavaco já fez campanhas assim e fica-lhe mal agora condenar os outros por fazerem exactamente o que ele próprio já fez enquanto candidato presidencial.
Acho que os seus apoiantes lhe prestam um mau serviço ao dizerem que tudo o que o candidato faz é bem feito. Esta entrevista correu-lhe mal. O importante é detectar as falhas e fazer melhor da próxima vez. Espero que os que não são neófitos cavaquistas e estão ao lado do ex-primeiro-ministro o saibam aconselhar com algum sentido crítico. Estarão a ajudá-lo.
At 11:14 da tarde, Anónimo said…
Correcção ao meu comentário: onde se lê, no princípio do segundo parágrafo, "Já as perguntas...foram pobres ou banais", deve lêr-se "Já as respostas às perguntas...foram pobres ou banais."
Aproveito para dar os parabéns pela qualidade do blogue.
At 1:25 da manhã, Anónimo said…
Só foi pena o Aníbal dizer "prémios nóbeis"...
At 1:26 da manhã, Anónimo said…
Só foi pena o Aníbal dizer "prémios nóbeis"...
At 8:09 da manhã, Anónimo said…
e foi pena nao ter sido mais interveniente quando da altura da guerra do Iraque, de tal modo que até passou despercebida a sua opiniao sobre o assunto. Se era contra devia ter juntado a sua voz à de Mario Soares, Freitas do Amaral e tantos outros e podia porventura ter impedido aquela vergonha que se passou numa ilha e o apoio formal do país ao despejar de bombas em Bagdad!
At 9:14 da manhã, Pedro Sá said…
Eu também gosto de desvirtuar o que aconteceu DUH !
At 9:55 da manhã, Anónimo said…
Já hoje tive oportunidade de consultar, na blogoesfera, várias opiniões sobre essa entrevista.
Constato - é a minha opinião - que o povo acaba tendo aquilo que quer. Só gostam de frases bonitas, mas tão ocas que nelas cabe, inteiro, quem as pronuncia.
Diálogos apontados para a barriga.
Enfim o que por aí se lê, é que gostam mais de treta e demagogia (esteja ela embrulhada da forma que estiver) do que do sério.
O "ouvidor" referia-se a mario soares, sem dúvida (a letra minuscula é propositada).
Mas quando se referiu que em 40 anos de serviço, alguns tinha sido passados em África a cumprir o Serviço Militar, já que não desertou nem foi para a Rádio Argel passar informações aqules que nos combatiam, traindo dessa forma a PÁTRIA que é representada pela Bandeira que é usual estar hasteada em Belém e á sombra dela já lá esteve esse infeliz do ms. Essa tinha um outro destinatário. Só não percebeu quem não quiz ou não sabe.
At 10:38 da manhã, Anónimo said…
Caro João,
Tanto calculismo nas respostas, tanto profissionalismo na preparação dos temas só poderiam resultar numa entrevista vazia de conteúdo e tão inspiradora como uma bula farmacêutica.
Esperava mais do Professor. Não quero que a corrida para o cargo mais prestigiado da nação se centre na capacidade que o super-favorito tem de evitar a discussão de temas que nos preocupam e marcam a época que vivemos
At 12:15 da tarde, João Paulo Batalha said…
Interessado que estava na entrevista, confesso que não consegui vê-la toda. Enfastiou-me.
Não pela falta de consistência ou interesse de Cavaco Silva (do lote de entrevistados, pelo que fui acompanhando, ficou sem dúvida a anos-luz dos outros, dos anti-candidatos).
A entrevista maçou-me, como me tinham maçado as outras, por esta triste constatação: não há em Portugal um único (que eu conheça, um único!) entrevistador político decente. Nem um para mostra.
E neste desfile de misérias, verdade seja dita, Constança Cunha e Sá abre a parada com estrondo.
At 12:43 da tarde, Anónimo said…
Será que uma eleição presidencial não representa um combate político? Um confronto de ideias?
At 2:30 da tarde, Anónimo said…
ELE FALOU!????!!!!
Disse alguma coisa?!
Por acaso terá sido perfeitamente apanhado emcobtradições elementares?!?
O mito desmorona-se....
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