Um Silêncio Muito Pesado
Alguns dos recentes ataques a Cavaco Silva eram previsíveis. O de Saramago-vítima-da-censura-dos-bárbaros antecipei-o aqui, sem ter de recorrer aos astros. Ontem, no entanto, Joana Amaral Dias reactivou inesperadamente uma velha estirpe de um vírus já considerado extinto, o do ataque gratuito, associando o cavaquismo ao jovem que, em 1994, ficou tetraplégico nos célebres confrontos da ponte 25 de Abril. As declarações são repugnantes mas não totalmente surpreendentes, como notou Pacheco Pereira. Há na extrema-esquerda uma tradição profunda de terrorismo político (e outros...) que não olha a meios para atingir os iluminados fins. Lembram-se de Brecht? Nós, os homens que abriram o caminho a um futuro compassivo, não tivemos tempo para a compaixão, e por aí fora. Joana Amaral Dias é uma brechtiana.
Sucede, porém, que a brechtiana é igualmente mandatária para a juventude de Soares (isto não soa muito bem, mas não tenho culpa). Ou seja, de algum modo as suas palavras comprometem o candidato que a mandatou (outra coisa de que não tenho culpa). E Soares nada fez até agora para não ser comprometido. Estará o sábio Soares de acordo com a jovem Joana? Ele, que tanto critica os silêncios do adversário-mor, não tem nada a dizer sobre isto? A voz de peso na Europa não tem peso lá em casa? O humanista que fala de tudo não se vai pronunciar? Soares, o ouvidor, não ouviu nada? Aguardam-se esclarecimentos.
P.S. E o Super-Mário, sempre tão atento, também se vai calar?
Sucede, porém, que a brechtiana é igualmente mandatária para a juventude de Soares (isto não soa muito bem, mas não tenho culpa). Ou seja, de algum modo as suas palavras comprometem o candidato que a mandatou (outra coisa de que não tenho culpa). E Soares nada fez até agora para não ser comprometido. Estará o sábio Soares de acordo com a jovem Joana? Ele, que tanto critica os silêncios do adversário-mor, não tem nada a dizer sobre isto? A voz de peso na Europa não tem peso lá em casa? O humanista que fala de tudo não se vai pronunciar? Soares, o ouvidor, não ouviu nada? Aguardam-se esclarecimentos.
P.S. E o Super-Mário, sempre tão atento, também se vai calar?
5 Comments:
At 7:16 da tarde, FNV said…
Meu bom Pedro, como dizem em Kumaon, não amaldiçoes Deus por ter criado o tigre, antes agradece por não lhe ter dado asas . Assim como assim, podia ser pior. Muito pior...
Um abraço, nesta tua nova casa.
At 10:30 da tarde, Anónimo said…
Será que essa figurinha conhece a entrevista que o objecto da sua devoção (leia-se M. S.), deu à revista DER SPIEGEL Nº 34/1974?
O titulo dessa reportagem, vem já a seguir:
“SE NECESSÁRIO O EXÉRCITO ATIRARÁ SOBRE OS COLONOS BRANCOS”
At 12:17 da tarde, Anónimo said…
Caro Filipe, francamente não sei se pode haver muito pior do que isto. O Le Pen?
P.S. A minha casa continua a ser a Mão Invisível, pelo menos enquantos os demais propietários não me expulsarem a pontapé. Mudei para aqui temporariamente porque, ao contrário da burguesia, não consigo manter duas casas ao mesmo tempo.
At 2:08 da tarde, Anónimo said…
O post de Joana Amaral Dias limita-se a transcrever uma notícia publicada no DN.
Mas claro está, esta notícia como não é desejada convém ser silenciada através do ataque barato.
At 3:27 da tarde, Anónimo said…
O post da Joana Amaral Dias é bem mais do que uma transcrição: é a descontextualização de uma notícia com óbvias intenções políticas. Também foi o DN que lhe deu o título "Cavaquistão, onze anos depois"? Também fui eu que escrevi lá uma centena de comentários a dizer isto mesmo?
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