Prosseguem, a todo o vapor, as campanhas tagarelas. Manuel Alegre foi o último a aderir ao exercício. Copiando. Acontece que acaba-se sempre por preferir os originais.
Deixo à consideração de todos um texto de Vasco Pulido Valente! E para que conste não sou, nunca fui e nunca serei de esquerda!
"Os portugueses têm opiniões sobre tudo, Cavaco (como se constatou esta semana na TVI) não tem opiniões sobre nada. Não tem opinião sobre o mandato de Sampaio. Não tem opinião sobre Sócrates. Não tem opinião sobre o orçamento. Não tem opinião sobre o regime. Não tem opinião sobre a "Europa". Com a maior firmeza e a maior coragem, é um homem sem opiniões. Parece que o país gosta de um candidato assim e que tenciona votar nele. O povo manda. Cavaco já nos governou sem opiniões, com gente em geral sem opiniões e, à superfície, não se vê qualquer razão para não o pôr, sem opiniões, na Presidência da República. Mas, como sempre, há quem imagine atrás de cada opinião que obstinadamente Cavaco se recusa a dar uma opinião que ele guarda em segredo para uso condigno. Os peritos chamam a este exercício de alta camuflagem "gerir o silêncio". Não ocorre a nenhum que depois do silêncio só existe o vácuo. Verdade que Cavaco disse um dia que o Estado era um "monstro" e outro dia, durante o mandato de Santana, que os políticos lhe pareciam "má moeda". Pensamentos que, se não abalaram o mundo, abalaram Portugal. Segunda-feira, na TVI, também despontou a sombra de uma ideia. Em Belém, Cavaco vai finalmente fazer o milagre da ressurreição da Pátria: "a falar". A "falar", acreditem. A "falar" com quem, não explicou. Com Sócrates? Com os ministros, ministro a ministro? Com os sindicatos? Com os patrões? E por que julga ele que alguém o ouvirá, quando não pode por si mesmo mexer uma palha. Sobre isso, suspeito, Cavaco não tem opinião. Na TVI, por exemplo, jurou que ia combater com "muito empenho" o insucesso escolar. O insucesso escolar? Lá da Presidência, com 60.000 licenciados no desemprego e sem dinheiro? Ó, dr. Cavaco... Com esta extraordinária lucidez sobre a realidade das coisas, Cavaco aceita naturalmente o título de "tecnocrata"; e acha até bom para o país que esteja em Belém um "tecnocrata", em vez de um advogado palavroso, à velha moda comicieira e parlamentar, que ele despreza. Anda manifestamente muito esquecido. Foram os tecnocratas dele que prepararam com suma competência o desastre de hoje. E ele próprio que inventou o "sistema remunerativo da função pública", princípio e pilar da falência do Estado. Mas Cavaco não se impressiona com detalhes. "Pensa no futuro" e não tem opiniões. Não precisa. A técnica não é matéria de opiniões - é matéria de certezas. E os portugueses num Presidente da República querem certezas. Coitados." Vasco Pulido Valente
Soares segue a estratégia-Carrilho. Todos os dias há-de dizer qualquer coisinha, provocar um pouquinho, mostrar que tem humor, chamar "esfinge" a Cavaco, ignorar os outros, mais uma provocaçãozinha, etc. Como se viu nas autárquicas de Lisboa, é meio caminho andado para o fiasco. O povo já percebeu que algo está mal explicado nesta súbita vontade de Soares de fazer um 3º mandato.
Estranho Alegre segui-lo. Sempre podia ser o único a puxar dos galões e fazer campanha pela positiva.
4 Comments:
At 3:39 da tarde, magnuspetrus said…
Foi o desfazer do mito.
Louçã já se apercebeu do que está a acontecer, mas o erro também já foi cometido.
At 6:11 da tarde, Anónimo said…
Deixo à consideração de todos um texto de Vasco Pulido Valente! E para que conste não sou, nunca fui e nunca serei de esquerda!
"Os portugueses têm opiniões sobre tudo, Cavaco (como se constatou esta semana na TVI) não tem opiniões sobre nada. Não tem opinião sobre o mandato de Sampaio. Não tem opinião sobre Sócrates. Não tem opinião sobre o orçamento. Não tem opinião sobre o regime. Não tem opinião sobre a "Europa". Com a maior firmeza e a maior coragem, é um homem sem opiniões. Parece que o país gosta de um candidato assim e que tenciona votar nele. O povo manda. Cavaco já nos governou sem opiniões, com gente em geral sem opiniões e, à superfície, não se vê qualquer razão para não o pôr, sem opiniões, na Presidência da República.
Mas, como sempre, há quem imagine atrás de cada opinião que obstinadamente Cavaco se recusa a dar uma opinião que ele guarda em segredo para uso condigno. Os peritos chamam a este exercício de alta camuflagem "gerir o silêncio". Não ocorre a nenhum que depois do silêncio só existe o vácuo. Verdade que Cavaco disse um dia que o Estado era um "monstro" e outro dia, durante o mandato de Santana, que os políticos lhe pareciam "má moeda". Pensamentos que, se não abalaram o mundo, abalaram Portugal. Segunda-feira, na TVI, também despontou a sombra de uma ideia. Em Belém, Cavaco vai finalmente fazer o milagre da ressurreição da Pátria: "a falar". A "falar", acreditem. A "falar" com quem, não explicou. Com Sócrates? Com os ministros, ministro a ministro? Com os sindicatos? Com os patrões? E por que julga ele que alguém o ouvirá, quando não pode por si mesmo mexer uma palha. Sobre isso, suspeito, Cavaco não tem opinião. Na TVI, por exemplo, jurou que ia combater com "muito empenho" o insucesso escolar. O insucesso escolar? Lá da Presidência, com 60.000 licenciados no desemprego e sem dinheiro? Ó, dr. Cavaco...
Com esta extraordinária lucidez sobre a realidade das coisas, Cavaco aceita naturalmente o título de "tecnocrata"; e acha até bom para o país que esteja em Belém um "tecnocrata", em vez de um advogado palavroso, à velha moda comicieira e parlamentar, que ele despreza. Anda manifestamente muito esquecido. Foram os tecnocratas dele que prepararam com suma competência o desastre de hoje. E ele próprio que inventou o "sistema remunerativo da função pública", princípio e pilar da falência do Estado. Mas Cavaco não se impressiona com detalhes. "Pensa no futuro" e não tem opiniões. Não precisa. A técnica não é matéria de opiniões - é matéria de certezas. E os portugueses num Presidente da República querem certezas. Coitados." Vasco Pulido Valente
At 6:17 da tarde, AG said…
Os cães ladram e a caravana...
Soares segue a estratégia-Carrilho. Todos os dias há-de dizer qualquer coisinha, provocar um pouquinho, mostrar que tem humor, chamar "esfinge" a Cavaco, ignorar os outros, mais uma provocaçãozinha, etc. Como se viu nas autárquicas de Lisboa, é meio caminho andado para o fiasco. O povo já percebeu que algo está mal explicado nesta súbita vontade de Soares de fazer um 3º mandato.
Estranho Alegre segui-lo. Sempre podia ser o único a puxar dos galões e fazer campanha pela positiva.
At 10:13 da tarde, Pedro Lobo said…
Vim só ver como estava o meu homónimo blog.
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