Seguir em frente
1. Há precisamente vinte anos, no dia 1 de Janeiro de 1986, Portugal passou a ser membro de pleno direito da então Comunidade Económica Europeia. O pedido de adesão ocorreria no final da década anterior, sob os auspícios de Mário Soares, então primeiro-ministro, e de José Medeiros Ferreira, ministro dos Negócios Estrangeiros. Coube, no entanto, a Cavaco Silva, graças às virtualidades das escolhas populares, dirigir, enquanto chefe do Governo, o período inicial de adaptação à integração europeia, entre 1986 e 1995. Para abreviar, recorro à opinião insuspeita de Vasco Pulido Valente, em 1995, numa entrevista a Maria João Avillez.
"MJA - De uma forma simplista, diz-se que o "cavaquismo" se dividiu em dois períodos: a um primeiro tempo atribuem-se todas as virtudes; a um segundo, concedem-se todos os malefícios.
VPV - Não houve dois períodos. Houve primeiro que normalizar o país, ou seja, aproximá-lo do modelo de sociedade dos Estados do Ocidente: liquidar o peso do sector público na economia; fazer as privatizações; pôr termo às ambiguidades sobre a propriedade da terra e acabar com as UCPs; desnacionalizar os media ( a imprensa, a rádio, a televisão) ; modernizar o sistema fiscal que tinha trinta ou quarenta anos; restaurar o sistema financeiro; baixar a inflação e o deficit do Estado; aumentar o rendimento médio dos portugueses e o poder de compra das populações; modernizar as vias de comunicação e as telecomunicações; garantir a cobertura hospitalar; aumentar a escolaridade obrigatória; restaurar o parque escolar; restabelecer o ensino tecnico profissional, destruído pela revolução; aumentar o acesso ao ensino superior...
MJA - E por aí fora...
VPV - E por aí fora. Ou seja, fazer em Portugal o que, na essência, fora feito na Europa entre 1948 e 1973. Em circunstâncias muito mais desfavoráveis, porque esses vinte e cinco anos foram para os países Europeus e para os Estados Unidos, os anos de maior expansão historicamente registados."
2. "Por isso se apresentam tão decisivas as próximas eleições presidenciais. Nessas eleições os Portugueses terão de optar entre o esvaziamento da acção mobilizadora do Presidente da República e a identificação de um referencial de mudança. Entre a retórica inconsequente e a acção serena e determinada. Entre o egoísmo de quem está agarrado ao passado e a responsabilidade de saber que as novas gerações exigem mais de nós." Vinte anos depois, Cavaco Silva está muito provavelmente a cerca de vinte dias de poder ser escolhido livremente como Presidente da República, sem medos nem temores reverenciais.
5 Comments:
At 5:47 da tarde, Anónimo said…
HÁ CORAGEM AÍ NO PULO DO LOBO PARA PUBLICAR O QUE SE SEGUE, OU A "MODERAÇÃO" É SINÓNIMO DE CENSURA?
Para isso já chega o M. S.!!!!!
Na página
http://www.manuelalegre.com/documentos/1135864795L1mPU5nt2Bi35OC2.pdf
pode encontrar-se clara prova de que Cavaco Silva MENTE quando diz ser independente do PSD:
O DOMÍNIO DO SEU SÍTIO É UM DOMÍNIO PSD!
QUEM QUER UM PRESIDENTE DA REPÚBLICA MENTIROSO?
Publiquem se teverem coragem!
Alegres saudações e Bom Ano 2006.
Henrique Trindade
At 6:00 da tarde, Anónimo said…
Não será bom recordar o eurocepticismo de Cavaco, há 20 nos?
At 6:00 da tarde, Anónimo said…
Não será bom recordar o eurocepticismo de Cavaco, há 20 nos?
At 6:19 da tarde, Anónimo said…
"liquidar o peso do sector público na economia"
E depois vêm, qual Calimeros, queixar-se que o modelo do Estado Social Europeu está falido... pudera, se o Estado não tem meios para produzir riqueza e os impostos sobre as grandes empresas e fortunas (nota, refiro-me ao IRC e ao IRS e não a esses desvarios bloquistas de criar ou aumentar os impostos sobre o património)ficam aquém do que deveria ser exigido. Não será injusto que alguém que ganhe 75 ou 100 mil euros por ano pague a mesma taxa de IRS que por exemplo o sr. Belmiro de Azevedo que ganha 100 vezes mais?
Poderam argumentar que aquilo que eu proponho é demasiado radical, mas hão-de conceder que nem 8, nem 80! Como é que se pode defender que os bancos paguem apenas 12 ou 14% de IRC quando na UE existem países nos quais os bancos pagam mais de 30% (Finlândia por exemplo).
Isto tudo para dizer que os partidários do neoliberalismo têm tendência para omitir alguns factos quando dizem que este modelo social está falido na ânsia de privatizar o que falta, esquencendo-se de quem o começou a falir...
Mas tergiverso, metade das conquistas que VPV atribui a Cavaco também o Zé, o Manel, o Joaquim ou o Francisco teriam feito.
Apesar disso, corre por aí - quer dizer, já li neste blog - que o governo de Guterres recebeu muitíssimo mais subsídios da UE que o de Cavaco seguido, claro está, de um elogio rasgado a Cavaco Silva - essa "esfinge" da política e "nobéle" da economia - por ter operado um verdadeiro milagre - um efeito Cavaco por assim dizer - na economia portuguesa (acho que foi um tal de Manuel Pinheiro). Ora, isto é parvo, uma vez que seria ridículo que os subsídios da UE tivessem sido mais baixos precisamente na altura em que Portugal mais precisava deles. Agora, uma coisa é certa, ninguém sabe como é que esses "dinheiros" foram tão mal geridos e tão mal distribuídos, provavelmente será o tal "efeito Cavaco".
At 11:52 da manhã, Anónimo said…
Viva a democracia e a liberdade para se dizer todos os disparates que apetecem!!!!!
estes comentários não deveriam estar noutros blogs??? como é que vêm cair aqui??
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