Pulo do Lobo

quarta-feira, dezembro 14, 2005

Debate - 6

Não me parece que o debate tenha resolvido a questão "doméstica" do PS a que fundamentalmente se destinava. Soares e Alegre ficaram sensivelmente na mesma, eventualmente com uma inevitável vantagem para o ex-presidente. As "banalidades" de que Soares se queixou - e que simultaneamente debitou - não devem ter contribuido para esclarecer o eleitorado que disputa com Manuel Alegre. Aqui, o dejá vu de Soares e a sua visão enganadoramente minimalista da função presidencial - quando tem no "activo" dois mandatos perfeitamente distintos nessa matéria - não o ajudaram. E a insensatez constitucional de Alegre (a dissolução do Parlamento por causa da água), provocada pela sua notória inconsistência política, veio, de novo, à tona. Por duas ou três vezes, Soares, num revelador tropismo, chamou a Cavaco (o eterno presente-ausente) o "presidente Cavaco" e voltou a insistir na sua irritante insónia "cavaquista". Em certo sentido, este debate foi o mais reducionista porque praticamente só interessava a um determinado segmento eleitoral. Na declaração final, à semelhança do que já tinha acontecido da primeira vez, Soares socorreu-se de umas notas com os "tópicos" essenciais do que queria dizer, uma coisa que seria impensável nele há uns anos. Estes dois homens, ambos com biografias notáveis, limitaram-se a exibir, sem grande chama e sem o estrondo anunciado, as respectivas vaidades teimosas. O país, esse, seguiu seguramente em frente e para outra coisa.

8 Comments:

  • At 11:42 da tarde, Blogger André Carvalho said…

    As minhas impressões sobre as declarações pós debate, à saída da TVI...

    Soares, com um ar bastante abatido, diz aos jornalistas que ganhou claramente o debate.

    Confrontado com estas declarações, Luís Osório [na SIC notícias], diz que é difícil nestes debates saber quem ganhou.

    Manuel Alegre à saída da TVI diz que Soares diz que ganhou o debate porque é um optimista e que ouviu muitas críticas da boca de Soares mas poucas ideias. Afirmou ainda que não aceita lições de paternalismo de Mário Soares.

    Luís Osório, passados poucos minutos de ter proferido as declarações que atrás citei, já afirma na SIC Notícias que Soares ganhou claramente o debate. Pois...

    Helena Roseta, apoiante de Alegre, afirma na SIC Notícias que ouviu dizer que se prepara para sair uma sondagem [pré-fabricada] que dá uma vantagem clara de Soares sobre Alegre.


    Momento do debate:

    Mário Soares: «Estamos aqui a discutir banalidades!»
    Miguel Sousa Tavares: «Mas a culpa não é nossa!»


    O meu momento:

    Moi-même: «Mais triste que isto não pode existir! Ou pode?»

    PS. Fiquei com uma dúvida. Afinal Mário Soares dorme ou não dorme descansado com Cavaco Silva como presidente de república?

     
  • At 11:55 da tarde, Anonymous Anónimo said…

    Hoje o senhor até parece o Raúl Vaz, pessoa que tanto detesta!

     
  • At 12:25 da manhã, Anonymous Anónimo said…

    não tem a ver apenas com os candidatos. este modelo asséptico de confronto político escolhido para os "debates" é desastroso como "debate" e perigoso. à custa da "eficiência" e do "civismo" transforma o debate politico numa conversa seca entre bonzos.
    Queixam-se do "peso do estado"? Aí têem um bom exemplo de paralisia intelectual. Numa emissora de televisão privada. O relógio a contar o tempo dedicado a cada um como se se tratasse de um jogo de futebol...santa paciência...custa ver jornalistas polémicos como MST e CCS associados a este desastre.
    (mombassa.kid@gmail.com)

     
  • At 1:39 da manhã, Blogger Simão Costa Cruz said…

    Pior do que isto só mesmo os comentários nos jornais sobre este tipo de debates: percentagens de share em relação à novela que passava à mesma hora...

     
  • At 4:40 da tarde, Anonymous Anónimo said…

    Mário Soares queria ser o Presidente minimalista, ou, como dizia Jorge Varela Gomes no "Choque Ideológico" ontem, o Presidente do Não. O que não é de estranhar, dada a sua idade, a sua preguiça, e o facto de tal postura de cadeirão interessar ao partido que o apoia. O PS quer um Presidente que não chateie, a continuação de Sampaio. A minimização dos poderes presidenciais por parte de Soares interessa totalmente ao Governo, que assim continuaria à "solta".

    Alegre até tem umas ideias interessantes, nomeadamente quando fala da necessidade de uma estratégia para Portugal, da necessidade de apoiar as Forças Armadas, ou de reforçar o patriotismo. Só que não tem um pensamente estruturado e consequente. Figurativamente, até parece que andou a ler uns livros de Estratégia e Geopolítica, mas, quando muito, não passou da Introdução.

    O que me leva a Cavaco Silva, que está noutro campeonato, e de quem eu, que vou votar nele, espero mais. Cavaco diz que quer mobilizar os portugueses e dar alento ao país. Só que está a fazer pouco por isso. Tem um discurso demasiado centrado na economia, e faz poucas acções de rua. Tal timidez pode custar-lhe a vitória na 1ª volta. Não duvido, contudo, que Cavaco ganharia confortavelmente na 2ª volta contra Soares ou Alegre, e que ainda pode revigorar a sua candidatura quando a campanha eleitoral começar a sério.

    Mas Cavaco deve diversificar os temas do seu discurso (aprofundando os temas de Manuel Alegre, por exemplo) e ir à "procura" do povo. O Presidente pode ter poucos poderes, mas deve puxar pela auto-estima dos portugueses, nem que seja de modo simbólico, como fez Scolari aquando do Euro 2004 com a campanha das bandeiras, e com um enorme sucesso.

    As pessoas querem acreditar, querem liderança, querem ter razões para ter esperança. Querem acreditar no seu país e mobilizar-se em torno dos seus símbolos, e não pela "Europa" ou outra moda efémera que apareça. Se Cavaco quer de facto dar essa confiança aos portugueses, deve esforçar-se mais. Porque senão, mesmo ganhando, a sua vitória arrisca-se a ser uma vitória para cumprir calendário, como aconteceu com a maioria absoluta de Sócrates em Fevereiro.

     
  • At 10:20 da tarde, Anonymous Anónimo said…

    santa madonna... as ideias interessantes de alegre são "falar da necessidade de uma estratéfia para Portugalda necessidade de apoiar as Forças Armadas, ou de reforçar o patriotismo"?
    vamos longe...
    quanto ao cavaco, acho que é melhor que comeces a perceber que ele não vai "revigorar" mais a campanha dele do que já "revigorou". Dá aquilo que tem mostrado e mais nada.
    Do conjunto de comentários tresloucados que tenho lido na blogosfera começo a convencer-me que a principal razão para não se votar no Cavaco não é o homem em si. O Cavaco hoje em dia é um sujeito relativamente asséptico e inóquo. O que preocupa sim, são os seus apoiantes.
    (mombassa.kid@gmail.com)

     
  • At 9:32 da manhã, Anonymous Anónimo said…

    O patriota de pseudónimo estrangeirado foi o único que tocou no cerne da campamha cavaquista:é o futebol,estúpido!
    Cavaco=Scolari
    Obsever=Ricardo.
    Toma e vai-te curar.

     
  • At 5:50 da tarde, Anonymous Anónimo said…

    "O que preocupa sim, são os seus apoiantes."

    Agora são os "apoiantes" de Cavaco que tiram o sono à esquerda. LOL E mais?



    "Toma e vai-te curar."

    Não. Eu vou é festejar, no dia 22 de Janeiro. Cavaco, Cavaco!

     

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