A Propósito
O interessante documentário da SIC sobre Sá Carneiro, no Jornal da Noite de ontem, teve (para mim) duas revelações. Curiosamente, ambas envolvem Mário Soares e foi este a fazê-las.
A primeira refere-se ao momento em que Soares convidou o ex-deputado da "ala liberal" a integrar o PS, logo a seguir ao 25 de Abril, convite recusado porque o programa do PS era marxista "e ele [Sá Carneiro] dava muita importância a essas coisas". Soares (que narra o episódio, permitam-me insistir em tão delicioso pormenor) terá dito que o programa não era para se levar tão a sério, assim mostrando que o socialismo começou a ser metido na gaveta muito antes dos anos 80. E também o valor das ideias na prática do candidato republicano, socialista e laico. Para quem acusa outros candidatos de não as ter, fica o exemplo.
A segunda revelação prende-se com as consequências do célebre ataque do PS à vida privada de Sá Carneiro na campanha de 79. Algum tempo depois, Soares encontra Snu Abecassis, de quem era amigo (não vos soa a nada?) e tenta justificar-se: não fui eu, foi o PS, foi a campanha, peço desculpa, etc. O próprio reconhece hoje que o ataque não teve qualquer efeito, a não ser o de perder a amizade de Snu, porque a AD ganhou com maioria absoluta. São contas impossíveis de fazer, mas deixam-nos mais tranquilos. Se Soares passar das marcas nas diatribes contra Cavaco, talvez se arrependa. Em caso de derrota, claro.
A primeira refere-se ao momento em que Soares convidou o ex-deputado da "ala liberal" a integrar o PS, logo a seguir ao 25 de Abril, convite recusado porque o programa do PS era marxista "e ele [Sá Carneiro] dava muita importância a essas coisas". Soares (que narra o episódio, permitam-me insistir em tão delicioso pormenor) terá dito que o programa não era para se levar tão a sério, assim mostrando que o socialismo começou a ser metido na gaveta muito antes dos anos 80. E também o valor das ideias na prática do candidato republicano, socialista e laico. Para quem acusa outros candidatos de não as ter, fica o exemplo.
A segunda revelação prende-se com as consequências do célebre ataque do PS à vida privada de Sá Carneiro na campanha de 79. Algum tempo depois, Soares encontra Snu Abecassis, de quem era amigo (não vos soa a nada?) e tenta justificar-se: não fui eu, foi o PS, foi a campanha, peço desculpa, etc. O próprio reconhece hoje que o ataque não teve qualquer efeito, a não ser o de perder a amizade de Snu, porque a AD ganhou com maioria absoluta. São contas impossíveis de fazer, mas deixam-nos mais tranquilos. Se Soares passar das marcas nas diatribes contra Cavaco, talvez se arrependa. Em caso de derrota, claro.
5 Comments:
At 2:12 da manhã, Keyser Söze said…
E quem é assim ofendido deve reagir como Snu Abecassis, que com uma dignidade exemplar, voltou as costas a Soares.
At 10:44 da manhã, Pedro Sá said…
Aos anos que Soares reconhece o erro...basta ler a entrevista a Maria João Avillez.
At 3:17 da tarde, Anónimo said…
Duvido, mas duvido mesmo muito, que alguma vez Soares tenha convidado Sá Carneiro.
At 5:36 da tarde, Pedro Picoito said…
Bem, é o próprio Soares que conta esse convite, insisto.
At 3:29 da tarde, Anónimo said…
Desconheço que Soares alguma vez tenha convidado Sá Carneiro para o PS, mas se ele o diz não será tão estranho como isso porque pelo menos um também muito conhecido ex-deputado da ala liberal, o conhecido médico e mais tarde deputado e ministro socialista Prof. Univ. Medicina de Lisboa Miller Guerra, foi convidado por Soares e aceitou.
Naturalmente que Sá Carneiro não se identificava nada com Soares desde ligo pela sua formação conservadora e educação católica activa ao contrário de Mário Soares de formação republicana, laica e socialsta.
E embora tivessem ideològicamente grandes diferenças, se analisarmos com atenção o programa elaborado aquando da formação do PPD Partido Popular Democrático pelos seus fundadores SÁ Carneiro , Pinto Balsemão e Magalhães Mota, não se distinguia muito do programa do PS aprovado em 1973 na Alemanha, na clandestinidade, com o apadrinhamento do SPD alemão do antigo chanceler WillY Brandt, divergindo pontualmente em alguns aspectos como por exemplo esse da recusa do marxismo como pano de fundo ideológico de análise da sociedade.
Curiosamente os dois programas convergiam num ponto que na altura era consensual em todos os partidos socialistas e sociais democratas da Europa e de outros países democráticos :
O objectivo era atingir o socialismo democrático ou social-democracia.
A grande batalha travada emtre Soares e Sá Carneiro foi ver quem conseguia que a Internacional Socialista aceitasse no seu seio e aí Soares tomou a dianteira a Sá Carneiro, cujo partido nica se deu muito bem com a etiqueta de social-democrata.
É altura de perguntar onde estava Cavaco Silva ?
Talvez em Alcácer Quibir, quem sabe à espera de uma manhã de nevoeiro cerrado !
Sim porque nos momentos em que se fez história nos últimos 30 anos ele nunca aparece, mas apenas mais tarde, e sempre envolto num manto obscuro de nevoeiro cerrado.
D. Sebastão cortou o mal pela raiz, desapareceu para sempre!.
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