Pulo do Lobo

domingo, dezembro 04, 2005

Deste lado

"Reconheço que vim incomodar sua excelência [Cavaco Silva] no passeio triunfal para a Presidência da República". Com esta frase singular, alguém que ocupou, com prestígio e sentido de Estado- pelo menos durante o primeiro mandato - o cargo de PR, desfez quaisquer veleidades de que alimenta um projecto sério para o país. Nos intervalos em que não está a falar para si próprio, Mário Soares entusiasma-se e mostra ao que vem. É uma sombra infeliz do candidato galvanizador e moderado de 1986. No seu estonteante radicalismo, Soares entrou na fase de atirar qualquer barro à parede para ver se cola. Parece, "pela finura da artilharia", como se escreve no Minha Rica Casinha, o Santana Lopes desta campanha. Gritou para dentro dos apoios partidários de Cavaco para ver se alguém lhe prestava atenção e se, comovido ou indignado, se "revoltava" contra a independência da candidatura, coisa bem diferente de o candidato ser neutro, asséptico ou um "recurso" difícil de explicar. Acontece que, deste lado, parece que toda a gente sabe o que quer, sem dramas caseiros ou angústias protagonistas. Cavaco não precisa de andar todos os dias, numa roda viva, a tentar "unir" a "família" ou a ter de dizer mal de parte dela para que a "base" não lhe fuja. Deste lado, as questões psicanalíticas estão, graças a Deus, muito bem resolvidas. Todos querem ajudar Cavaco a ser o próximo presidente de todos os portugueses e não um mero cata-vento partidário.

4 Comments:

  • At 1:11 da tarde, Anonymous Anónimo said…

    Ponto da situação:

    1 - Salvo algo de excepcional, Cavaco será o próximo PR;
    2 - Se vai conseguir alterar a dinâmica do sistema, o tempo o dírá;
    3 - ...sombra infeliz... pois... desde aquele episódio do PE que Soares anda muito mal aconselhado... Ou então não toma conselho e, aí, está tudo dito...
    Vitor Correia

     
  • At 3:58 da tarde, Anonymous Anónimo said…

    1 - Salvo algo de excepcional, Cavaco será o próximo PR;

    Ou não....

     
  • At 5:02 da tarde, Blogger André Carvalho said…

    Provavelmente, para não serem acusados de aproveitamento político, não se irão referir hoje, neste blogue, aos 25 anos que passaram sobre a morte de Sá Carneiro.

    Mas acho que fazem mal, e passo a explicar o porquê:

    Ontem, escrevi um post no «Geração Rasca», onde, a propósito de [eu] apoiar a candidatura de Cavaco Silva, achei relevante e apropriado abordar o assunto dos 25 anos passados sobre o "acidente" que vitimou Sá Carneiro. Como não tenho nenhuma ligação partidária, nem o «Geração Rasca» (blogue colectivo) está conectado com nenhuma orientação partidária ou ideológica, não tenho qualquer pudor em evocar a memória de Sá Carneiro, desde que o faça com o respeito e conscientemente (na minha sempre subjectiva opinião).

    Como sou dos elementos mais "velhos" do blogue, fiquei surpreendido com a reacção dos meus colegas mais jovens de blogue e de alguns comentários que foram feitos ao que eu escrevi. Surpreendido pelo desconhecimento que demonstram das circunstancias e acontecimentos que envolviam toda a sociedade portuguesa daquela época.

    Quando escrevi que tinham sido lançados foguetes nas mais diversas regiões do país na noite do "acidente" e que houve festejos durante toda essa noite em alguns [demasiados] locais, ficaram todos muito espantados. Também eu fiquei espantado por eles não o saberem. Mas pensando melhor, cheguei à conclusão que apesar de todos [ou quase todos] termos ouvido foguetes e de sabermos que até piadas sobre o facto de os cadáveres terem ficado carbonizados foram espalhadas rapidamente por alguns sectores políticos bem determinados na época, pouco se falou disso nos media de então. O mais grave, é que passados 25 anos, muitos dos jornalistas e comentadores de então, ainda hoje estão ligados ao sector mediático, e em "lugares" de maior relevo. Apesar de agora terem um ar mais limpinho e engravatado. Contudo, estes senhores que não se fartam de pregar virtudes, não falaram no assunto na época e, também pela vergonha de terem ficado calados, não o fazem agora.

    Já é tempo de confrontar esses senhores com este assunto e perguntar-lhes porque é que continuam a fingir que não sabem de nada, que não viram nada, que não ouviram nada. É que são, sempre estes senhores, os primeiros, quando alguém evoca a memória de Sá Carneiro, a virem logo a correr acusar tudo e todos de aproveitamento político, quando, o problema deles é que tal evocação, os coloca em confronto com as suas próprias "virtudes".

     
  • At 6:21 da tarde, Anonymous Anónimo said…

    Ao ver-se o Mário Soares na TV e, se lhe tirarem o som,o que evita ouvir muitas aleivosias, tanto gesticula que parece um "maestro" a ver se consegue animar as hostes e afinar o coro...

     

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