Pulo do Lobo

sexta-feira, janeiro 20, 2006

Reflexão em Ranholas (não se pede nada aqui, exige-se!)

Escrevo, apesar de tudo, consciente de que, se em Castanheira de Pêra há gajos que não são capazes de fazer um passe de jeito, existem em Ranholas laterais capazes de fazer um cruzamento decente e que torne inteligível, para comuns mortais, o que certa gente tem a mania de complicar.

Enfim, a intenção é boa mas peca por ser escrita por quem só percebe metade da estratégia.

Sendo certo, certíssimo mesmo, que o Dr. Mário Soares se meteu numa alhada, é absolutamente errado que o ‘cavaquista’ se assemelhe à tentativa do Professor em não se rir. Sim, tentativa. Convenhamos que não faltam razões para o Professor Doutor Aníbal Cavaco Silva se rir. Mas não faz e bem. É muito feio rir da desgraça alheia, sobretudo quando essa desgraça não é mais que o efeito lógico da estratégia do senhor Professor.

Como o seu histórico homónimo em Cannae, este nosso Aníbal sabia sobre os seus adversários umas coisitas importantes. A primeira coisita, era que todo o exército de esquerda é muitíssimo disciplinado, independentemente dos chefes, estavam todos unidos em torno de um objectivo e para tal esperariam até ao último segundo uma brecha no exército de Aníbal. A segunda coisita, era que a esquerda anda a exigir acção desde que percebeu que o Senhor Primeiro-ministro tem feito sérios esforços para se imolar nas futuras eleições legislativas.

Aníbal, como o outro, desceu ao terreno da contenda e atacou forte e feio, dizimou os pontos fortes dos adversários e depois recuou. Agora vem a parte de génio, mostrou o flanco ao adversário! Uma sugestão ali, um esgar acolá e a sempre presente ameaça de comer um bolo-rei ou ainda pior um pastel de Tentúgal.

Os Generais de esquerda, sendo humanos, não eram dotados das capacidades prescientes dos escribas do Super-Mário e de um ou dois deste blogue, atiraram-se (é esse o termo) aos pontos fracos de Aníbal. Como os antigos romanos, esqueceram a disciplina e foram de arrasto para o local da refrega. Aníbal previra e depois dele acho que só eu é que percebi.

Foi tanto o entusiasmo que, mesmo dotados de um exército bem maior, os vários Generais se viram cercados e atacados pelo exército bem menor de Aníbal. Lá no meio reinou a confusão, ao ponto de os Generais perderem tempo a acusarem-se entre si de terríveis traições.

Ora, diz-se muita coisa de Aníbal mas não se diz o essencial. Aníbal não ri porque é muitíssimo bem-educado e porque sabe bem melhor que nós como são tristes as derrotas. Sabe bem que devemos ser humildes na vitória, mesmo quando a vitória resulta de incomparável génio.

Os ‘cavaquistas’ de Jorge Madeira são os pobres desgraçados que foram dizimados na primeira leva do ataque esquerdista, mas os outros ‘cavaquistas’, os que irão arreganhar a dentadura no domingo, estão a atacar pelos flancos a pobre infantaria soarista e alegrista. Todos quererão marchar sobre Soares e Alegre.
Os outros Generais, Louça e Gerónimo, depois de disputas mesquinhas por coisas estranhas aos valores mais extremados de esquerda, fugirão como em Arausio. Azar o deles e se só sobrarem 13 ainda me vou rir.

No fim, agora vem a parte que vai deliciar os sempre atentos super-marionetes, convirá lembrar a este Aníbal o que se disse do outro. “os deuses não deram todas as qualidades a um só homem. Tu, Aníbal, sabes como ganhar uma batalha, não sabes como explorar uma vitória”.

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