Pulo do Lobo

sexta-feira, dezembro 09, 2005

Debate -2

Apesar da "má" imprensa que o tem acompanhado - muito por causa de si próprio -, Mário Soares ainda consegue provocar delíquios em alguns representantes da comunicação social que esperam com ansiedade que as suas aparições nos debates provoquem efeitos semelhantes aos que "O último tango em Paris" provocava nos cinéfilos de meados dos anos setenta. Ou, para não irmos tão longe, na beatitude com que as intervenções televisivas de Santana Lopes eram recebidas pela mesma comunicação social que via nele um mestre de telegenia política. Quer Sócrates, quer agora Cavaco, por exemplo, jamais receberam esta "graça". Soares sente-se espartilhado neste "modelo" e, não obstante ter sido cordato e mais razoável do que é costume, acabou por estragar o efeito à saída. "Bateu" nos pressurosos jornalistas que o esperavam, com a delicadeza de lhes lembrar que os seus "chefes" (sic) os mandam fazer-lhe determinadas perguntas que manifestamente o irritam. E não esqueceu Cavaco, o tenebroso autor "moral" do "modelo" que ele também aceitou. Este debate com Jerónimo não interessava nada a Soares. Cumpriu-o com zelo e com alguma respeitosa e oportunista "vénia" àquilo que ele acha que é o "eleitorado comunista". Falou essencialmente para a "esquerda" o que, para quem pretende "unir" e "ouvir" os portugueses, não chega. Jerónimo foi, como ele disse, "aos concretos". E "os concretos", para ele, é "segurar" o terreno e zurzir em Sócrates. Em suma, tudo como dantes.

2 Comments:

  • At 12:28 da tarde, Blogger crack said…

    Na entrevista (a sós) com Judite de Sousa, Soares encarregou-se de menorizar a jornalista, chegando à humilhação, com o objectivo de preparar, a seu favor, futuros "debates". Ontem, notava-se algum desconforto em Judite de Sousa, e Soares, uma vez mais, deixou muito evidente a sua crítica ao trabalho dos jornalistas entrevistadores, no final da primeira parte da entrevista conjunta.
    Esta atitude de Soares é uma estratégia de vitimização aparente e de intimidação efectiva, intencionalmente delineada para atingir os seus objectivos - subverter todas as regras no debate com Cavaco, e conseguir ter criado nos entrevistadores desse confronto uma atitude propícia à aceitação do conflito que ele vai instalar.
    Como penso que Judite de Sousa será um desses entrevistadores, estarão ainda reunidas duas condições adversas ao trabalho dos jornalistas - Judite não tem fôlego para um confronto destes em situação normal e, agora, vai partir para o "debate" profissionalmente fragilizada e emocionalmente "domada". Adivinha-se uma bela peixeirada.

     
  • At 4:15 da tarde, Blogger Tiago Botelho said…

    Subscrevo o que disse o crack e acrescento:

    Em determinada altura, Soares "passou um raspanete" por lhe perguntarem o que é que ele pensava sobre a OTA e o TGV, dizendo "eu já respondi a isso nas três televisões" e quase se recusou a responder. A seguir assitimos a um José Alberto Carvalho subserviente a justificar-se pela pergunta dizendo que tinham de aproveitar a oportunidade de estarem os dois candidatos presentes para ver se havia divergência e quase pediu desculpa pelo transtorno a Sua Excvelência.

    Também vimos algo extraordinário que foi Soares a explicar porque razão aceitou concorrer. Foi algo do género:
    "O PS andou à procura de um candidato mas ninguém aceitou. Inclusivamente o Eng. Guterres não aceitou. Depois hove quem se oferecesse [Alegre] mas o PS não aceitou. A situação estava a ficar verdadeiramente aflitiva (sic) e eu, em função da análise que fiz e depois do Eng. Sócrates me pedir, aceitei concorrer. Mas sou um candidato independente, embora apoiado pelo PS".

    É fantástico! Alguém comentou isto? Onde está o Anacleto Louçã?

    Imaginem este discurso com Cavaco Silva...

     

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