Andar Por Aí
Carecidos de animação em tão melancólica campanha ou ansiosos por refrear a velocidade de cruzeiro a que Cavaco segue para Belém, jornalistas e soaristas bem tentam ver nuvens no horizonte. Primeiro a Secretaria de Estado, depois os obscuros financiamentos, agora a entrevista de Santana Lopes. O DN dá hoje voz ao morto-vivo, mas como sabe que a diatribe santanista é contraproducente (até Louçã explicou, no seu tom didáctico, que se trata de um ajuste de contas) - reinventa o problema. Qual problema? Cavaco na Presidência, "uma figura tutelar" para o PSD e para o CDS, "pode condicionar a liberdade de movimentos" das actuais lideranças. Tanto faz que as ditas tenham sido eleitas em recente congresso declarando o apoio à candidatura, que o menino guerreiro se tenha posto a andar "por aí" depois de apanhar uma valente coça numa incubadora, perdão, nas legislativas, que a eleição de Cavaco seja uma óbvia vitória - também dentro dos respectivos partidos - de Marques Mendes e Ribeiro e Castro... Não senhor, a verdade verdadinha, revelada pelo DN, é que a direita tem aqui uma bomba-relógio.
Nem quero pensar no que teria se Cavaco perdesse as eleições. Otelo a ganhar o congresso do CDS a Pires de Lima e o general Eanes a vencer António Borges no PSD?
Razão tem Maria José Nogueira Pinto, claro está. "Isso são cenários domésticos. Aliás, Cavaco sempre foi acusado de não dar importância aos partidos. O maior risco para um presidente é que um partido se lhe cole."
Embrulhem, emoldurem e pendurem lá na Redacção.
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